
Uma pesquisa inovadora realizada no Distrito Federal está combinando as propriedades regenerativas do látex da seringueira com a luz de LED em ambientes controlados. Liderado pela professora-doutora Suélia Rosa, da Universidade de Brasília (UnB), com apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), o estudo une biologia e engenharia para desenvolver avanços na ciência aplicada à saúde.
A Tecnologia do Chip-ENY
A pesquisa, intitulada Organ-on-a-Chip (Órgão em Chip, em tradução livre), tem como objetivo aperfeiçoar medicamentos voltados para doenças vasculares. O destaque da iniciativa é o Chip-ENY, um dispositivo capaz de simular comportamentos celulares e respostas biológicas em um ambiente controlado. Este chip permite a análise de líquidos em microcanais extremamente finos, sendo essencial para estudar processos como a angiogênese e a regeneração de tecidos.
Quando combinado com o látex e a luz LED, o Chip-ENY demonstrou potencial para estimular a formação de novos vasos sanguíneos, uma descoberta promissora para o tratamento de feridas crônicas e regeneração tecidual. Segundo Suélia Rosa, o dispositivo também contribui para acelerar a cicatrização de feridas em pacientes com diabetes, problema que afeta milhões de pessoas no Brasil.
Impacto na Saúde e na Pesquisa
Além de sua relevância científica, o projeto tem potencial para reduzir a dependência de testes em animais e aumentar a segurança no desenvolvimento de medicamentos. A professora Suélia Rosa destaca a importância de transferir essa tecnologia para produção em escala e sua aplicação no sistema de saúde, exemplificada pelo equipamento Rapha, atualmente em processo de registro na Anvisa.
“Esse trabalho reforça o quanto a ciência pode transformar vidas, saindo dos laboratórios e gerando soluções práticas para a saúde pública. É inspirador ver como nossa pesquisa pode incentivar outros cientistas a acreditarem no impacto da ciência na vida das pessoas”, afirma a pesquisadora.
Reconhecimentos e Prêmios
O projeto recebeu diversos reconhecimentos, incluindo o primeiro lugar no IX Congresso Brasileiro de Prevenção e Tratamento de Feridas, além de moção de louvor pela Câmara Legislativa do Distrito Federal. Desde 2022, a pesquisa acumula prêmios nacionais e internacionais que destacam sua relevância para o setor de inovação em saúde.
O presidente da FAPDF, Marco Antônio Costa Júnior, enaltece o protagonismo do Distrito Federal em pesquisas voltadas à saúde: “A tecnologia desenvolvida pela UnB é um exemplo de excelência, reconhecida nacional e internacionalmente, com impacto significativo na inovação científica e na saúde pública.”
Inspirando Gerações
Além de sua contribuição tecnológica, Suélia Rosa reforça o papel da ciência como ferramenta de transformação social. A trajetória da pesquisadora, que inclui passagens pela Siemens e pela Rede Sarah de Hospitais, é marcada pelo compromisso em inspirar novas gerações de engenheiros biomédicos, especialmente mulheres.
“Se meu trabalho puder inspirar jovens a acreditarem em seu talento e ocuparem esses espaços, sentirei que minha missão está sendo cumprida. A tecnologia sozinha não muda o mundo – são as pessoas, com sua paixão e dedicação, que fazem isso acontecer”, conclui Suélia.
Uma Nova Era na Pesquisa Translacional
O estudo reforça o papel do Distrito Federal como referência em ciência e inovação, mostrando como a colaboração entre diferentes áreas do conhecimento pode gerar avanços significativos. À medida que a tecnologia se aproxima da aplicação prática, ela promete transformar o cenário da saúde pública no Brasil, oferecendo soluções mais seguras e acessíveis para problemas que afetam milhões de pessoas.
Fonte: Agência Brasília
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