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A Estranha História do Nirvana Antes da Fama: Quando a Banda Era "Ted Ed Fred"

 

A Estranha História do Nirvana Antes da Fama: Quando a Banda Era "Ted Ed Fred"

Em um vídeo caseiro raro, vemos o Nirvana em seus primeiros dias, ainda desconhecidos, tocando dentro de uma loja da Radio Shack na cidade natal da banda, Aberdeen, Washington. A filmagem foi gravada na noite de 24 de janeiro de 1988, após o fechamento da loja. Naquela época, o grupo se chamava Ted Ed Fred.

Apenas no dia anterior, a banda havia gravado sua primeira demo em um estúdio de Seattle. O guitarrista e vocalista Kurt Cobain pediu ao seu novo amigo Eric Harter, gerente da Radio Shack, para gravar o ensaio da banda tocando a música "Paper Cuts", uma das 10 faixas do demo. Além de Cobain, o vídeo conta com a participação de Krist Novoselic, cofundador do Nirvana, no baixo, e Dale Crover, da banda Melvins, na bateria.

O vídeo abaixo também inclui imagens de Harter falando sobre o vídeo gravado na Radio Shack e entregando uma cópia da fita para Courtney Love, a viúva de Cobain, que aparece acompanhada de sua amiga Kat Bjelland, do Babes in Toyland. Em certo momento, Harter menciona um show do "Ted Ed Fred" no Community World Theater em Tacoma. Para ver um vídeo completo desse show, realizado na noite anterior à gravação na Radio Shack (e apenas horas após a gravação da demo).

Grunge e a Criação do Termo: Uma Pegadinha Jornalística

Em 1992, um artigo peculiar da New York Times se tornou um dos momentos mais inusitados da história da publicação. O jornalista Rick Marin, interessado em cobrir a cena grunge de Seattle que, após o sucesso do Nevermind do Nirvana, começava a atrair atenção nacional, entrou em contato com Jonathan Poneman, cofundador da Sub Pop Records. Poneman, exausto da constante pressão da mídia sobre a cena musical de Seattle, passou a tarefa para Megan Jasper, ex-funcionária da gravadora e representante de vendas da Caroline Records.

Jasper viu nisso uma oportunidade para zombar do exagero da cobertura midiática sobre o grunge. Marin, querendo entender como os "grungers" falavam, pediu a ela uma lista de gírias típicas da cena. Jasper, com muito humor, inventou uma série de termos absurdos, que Marin, sem perceber o truque, publicou na edição de novembro de 1992. Os termos incluíam "bloated, big bag of bloatation" (bêbado), "cob nobbler" (perdedor), e "swingin’ on the flippity-flop" (descontraído). O mais curioso é que Marin, pressionado pelo prazo, aceitou essas gírias como autênticas e as publicou sem questionar.

O próprio termo "grunge" foi criado por Poneman para descrever o EP Dry as a Bone da banda Green River, que trazia vocais ásperos e guitarras sujas. Embora a palavra tenha se popularizado e sido associada à cena musical de Seattle, muitos artistas da cidade, como Nirvana e Pearl Jam, não se viam representados por ela. No entanto, o termo acabou se tornando símbolo de uma cena que, rapidamente, foi apropriada pela indústria da moda e pela comercialização, distorcendo os ideais de anti-consumismo inicialmente defendidos pelos músicos.

O fenômeno "grunge" continua sendo uma das histórias mais curiosas da música. Ele começou como um movimento genuíno e irreverente, mas logo foi absorvido pela mídia e pela moda, perdendo parte de sua autenticidade. A ironia é que, ao tentar capturar a essência da cena, a mídia acabou contribuindo para a perda dessa essência.

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