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Patinetes Elétricos no DF: Mobilidade ou Mais um Problema?

Patinetes Elétricos no DF: Mobilidade ou Mais um Problema?

Brasília recebe mais uma promessa de solução para a mobilidade urbana: os patinetes elétricos compartilhados. A partir de uma parceria entre o Governo do Distrito Federal (GDF) e a empresa JET, os novos dispositivos desembarcaram nesta quinta-feira (30) em Águas Claras e no Plano Piloto, em um período experimental de 90 dias. Mas será que essa alternativa realmente representa um avanço na mobilidade ou apenas mais um modismo com data de validade curta?

A Volta dos Patinetes: Aprendemos com o Passado?

A história dos patinetes elétricos compartilhados no Brasil não é novidade. Empresas como Yellow e Grow já tentaram explorar esse mercado e falharam, deixando um rastro de equipamentos danificados, vandalizados e uma infraestrutura incapaz de lidar com esse tipo de transporte. A questão que fica é: o DF está preparado para evitar os mesmos problemas do passado?

O uso dos patinetes será limitado a uma área definida no aplicativo, com alarme e rastreamento para evitar abusos. Essa é uma solução interessante, mas não resolve o principal problema: a falta de fiscalização e educação dos usuários. Basta lembrar o caos que se instalou quando os patinetes da Yellow chegaram a São Paulo e Rio de Janeiro, com equipamentos abandonados no meio das calçadas, acidentes e desrespeito às regras de trânsito.

Tarifas e Acessibilidade: Para Quem Realmente Servem os Patinetes?

O preço também é um ponto sensível. A tarifa inicial de ativação é de R$ 1,99 durante a semana e R$ 2,99 nos fins de semana, com cobrança por minuto variando entre R$ 0,25 e R$ 0,90, dependendo do horário. Para um trajeto de 15 minutos, por exemplo, o usuário pode pagar até R$ 15 em um sábado à noite.

Comparado ao transporte público, que oferece uma tarifa fixa, a acessibilidade dos patinetes fica comprometida. O público-alvo não parece ser o trabalhador comum que busca uma opção viável para o dia a dia, mas sim um usuário ocasional, disposto a pagar por uma experiência diferente. No fim, os patinetes acabam sendo um produto mais voltado para o lazer do que uma solução real para a mobilidade urbana.

Infraestrutura e Segurança: O DF Está Preparado?

Brasília tem uma boa malha cicloviária, mas ainda é uma cidade voltada para os carros. Apesar das promessas de controle de velocidade via GPS, a segurança dos usuários e pedestres continua sendo uma incógnita.

A JET informa que os patinetes contarão com amortecedores, faróis, setas, buzinas e sistema antifurto, mas não menciona nada sobre a obrigatoriedade do uso de capacete ou outras medidas para proteger os condutores. Em outras cidades, a falta de regulamentação clara resultou em um aumento expressivo no número de acidentes envolvendo patinetes, e não há razão para acreditar que a história será diferente por aqui.

 Há Futuro para os Patinetes no DF?

A ideia dos patinetes elétricos compartilhados é interessante e pode, sim, ser um complemento útil ao transporte público. No entanto, os desafios são grandes: fiscalização, educação no trânsito, infraestrutura adequada e preço acessível. Se os mesmos erros do passado forem repetidos, os patinetes no DF vão acabar como mais um serviço abandonado, sem real impacto positivo na mobilidade urbana.

Resta agora aguardar se essa iniciativa realmente vai se consolidar ou se tornar apenas mais um capítulo de uma história que já conhecemos: entusiasmo inicial, problemas acumulando e abandono inevitável.


Fonte: Semob

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