
A Praça dos Três Poderes, um dos principais cartões-postais de Brasília e símbolo da nossa democracia, está prestes a passar por uma grande reforma. A Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) anunciou que, nos próximos dias, começarão as obras de revitalização, com foco na troca e recolocação das icônicas pedras portuguesas que adornam o local. O serviço, executado pela Infra Engeth, tem previsão de duração de dois meses e meio, aguardando apenas a autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para iniciar.
Embora o anúncio possa soar como uma boa notícia para preservar um dos maiores patrimônios arquitetônicos e históricos do país, ele também levanta alguns questionamentos sobre a conservação contínua de espaços públicos tão importantes. A Praça dos Três Poderes, que abriga os edifícios do Supremo Tribunal Federal, do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional, não apenas representa o poder da nossa república, mas também é um ponto de intensa visitação turística.
Por que agora?
A questão que surge é: por que essa reforma só está sendo feita agora? As falhas na pavimentação com pedras portuguesas já haviam sido mapeadas, indicando um desgaste contínuo de um espaço que, por seu valor histórico e sua relevância nacional, deveria estar sob manutenção constante. A iniciativa de reforma surge num momento em que o turismo local tem aumentado, com a recente reabertura da Casa de Chá, resultado de uma parceria entre o Governo do Distrito Federal (GDF) e a Fecomércio-DF.
A pressa em começar os trabalhos, utilizando um contrato já existente de manutenção de mobiliário urbano e passagens de pedestres, aponta para a necessidade de ações rápidas. Porém, essa abordagem reativa também revela a falta de um plano contínuo e preventivo de conservação, algo que só agora parece estar sendo considerado, com a inclusão de um plano de manutenção permanente nas fases futuras do projeto.
Etapas do projeto: reparo ou renovação?
A reforma será realizada em quatro etapas: manutenção, reforma da estrutura, restauro das obras e melhoria da iluminação e acessibilidade. Por fim, será desenvolvido um plano de manutenção permanente para evitar que problemas futuros cheguem ao ponto de exigirem novas grandes intervenções. A iniciativa é certamente bem-vinda, mas será que o planejamento atual é suficiente para manter a praça em seu devido estado, ou estamos apenas lidando com as consequências de anos de negligência?
A execução do plano de acessibilidade é um avanço esperado há muito tempo, considerando a importância da inclusão de todos os visitantes nesse espaço democrático. A iluminação também merece atenção, tanto pela segurança quanto pela valorização estética do local. No entanto, a expectativa da sociedade é que, ao término das obras, a praça receba a devida atenção que sempre mereceu, evitando que reparos como esse precisem ocorrer de maneira emergencial.
Um ponto turístico essencial
Com um aumento substancial no fluxo de turistas, especialmente após a inauguração da nova Casa de Chá, é evidente que a Praça dos Três Poderes precisa ser tratada como um bem essencial, não apenas por sua história, mas por sua relevância no presente. Qualquer atraso ou falha no planejamento pode ter um impacto direto na experiência de quem visita a capital do Brasil, e isso pode refletir negativamente na percepção que temos de nós mesmos como um país que valoriza sua história e patrimônio.
Agora, resta esperar que o cronograma seja cumprido à risca e que as intervenções respeitem o tempo e a importância da praça. Afinal, um espaço que representa os três pilares da nossa democracia – Executivo, Legislativo e Judiciário – merece mais do que ações pontuais; merece um cuidado constante e profundo, que reflita sua importância simbólica para o Brasil.
Fonte: Agência Brasília
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