
A trágica morte do padre católico e ativista Marcelo Pérez, em Chiapas, sul do México, revela mais uma vez a brutalidade e a crescente influência dos cartéis de drogas na região. Pérez, um defensor incansável dos direitos dos povos indígenas e trabalhadores rurais, foi morto a tiros, deixando uma comunidade devastada e uma questão gritante: até quando a violência impune continuará a ser a norma no México?
O Assassinato de Um Pacifista
Marcelo Pérez, de 50 anos, dedicou sua vida a promover a paz em uma área devastada pela violência dos cartéis, onde a guerra pelo controle das rotas de tráfico forçou milhares de pessoas a deixarem suas casas. Apesar das frequentes ameaças de morte, Pérez nunca recuou em seu ativismo, denunciando a violência e lutando pelos direitos humanos dos mais vulneráveis. Contudo, como relatado pelo centro de direitos humanos Fray Bartolome de las Casas, ele nunca recebeu a proteção necessária por parte das autoridades mexicanas.
Sua morte foi o desfecho de uma tragédia anunciada. Pérez foi morto enquanto deixava a paróquia após celebrar uma missa. Dois homens em uma motocicleta abriram fogo contra sua van, tirando a vida de um dos mais proeminentes defensores da paz na região.
A Escalada da Violência em Chiapas
Chiapas, uma das principais rotas de tráfico de drogas e migrantes, tornou-se o campo de batalha dos cartéis de Sinaloa e Jalisco, que disputam o controle territorial. A violência é extrema: famílias inteiras são mortas, comunidades são dizimadas e centenas de pessoas fogem para a Guatemala em busca de segurança.
A morte de Pérez não é um caso isolado. Ela se soma à longa lista de ativistas e líderes religiosos que perderam suas vidas em decorrência da violência do crime organizado. Somente em 2024, ele foi o sétimo ativista de direitos humanos morto no México.
Críticas à Falta de Ação Governamental
A resposta do governo mexicano à escalada da violência tem sido amplamente criticada. Claudia Sheinbaum, que assumiu a presidência em 1º de outubro, prometeu continuar com a estratégia de seu antecessor, Andrés Manuel López Obrador, de não confrontar diretamente os cartéis. No entanto, essa abordagem falhou em reduzir a violência e tem sido considerada ineficaz por diversos setores da sociedade.
O cardeal Felipe Arizmendi, após a missa em homenagem a Pérez, criticou duramente a estratégia governamental: "Eles não deveriam dizer que está tudo bem no México. Esta estratégia não funcionou." A realidade vivida em Chiapas reflete o estado de insegurança em todo o país, com as autoridades muitas vezes incapazes de conter a influência dos cartéis e garantir a proteção de líderes comunitários como o padre Marcelo Pérez.
A Luta Pela Paz Continua
Marcelo Pérez dedicou duas décadas de sua vida à comunidade de San Andrés Larrainzar, onde era conhecido como um negociador em conflitos e um defensor incansável da paz. Sua morte deixa uma lacuna imensa, mas também um legado de resistência e coragem.
A violência que assolou sua vida, e de muitos outros no México, levanta uma questão fundamental: até quando o governo mexicano permitirá que o crime organizado dite o destino de seus cidadãos? A morte de Pérez é um lembrete doloroso de que a luta pela paz no México está longe de ser vencida.
Fonte: CBS News
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