Mais um artigo que trago na integra do perfil da Camila Farani do Linkedin sendo uma das palestrantes do Campus Party Brasil 17 (CPBR17) que será em Brasília este ano que será do dia 18 a 22 de junho (https://brasil.campus-party.org/cpbr17/) no estádio Mané Garrincha.
Você já sentiu alívio por não estar em todos os lugares? Pois é. Isso tem nome. E virou tendência global.
Durante anos, fomos condicionados a acreditar que estar online, 100% disponíveis, 100% atualizados, 100% conectados era e um privilégio.
Viver o tempo todo no digital era símbolo de performance, presença e até poder.
Chamavam isso de FOMO: fear of missing out (o medo de ficar de fora).
O feed era um palco e não fazer parte da cena causava uma angústia silenciosa:
"Será que estou perdendo oportunidades?"
"Será que vão esquecer de mim?"
"Será que estou atrasada?"
Mas algo mudou. E rápido.
A enxurrada de estímulos, o excesso de telas, as reuniões sem pausa e a pressão por relevância produziram um efeito colateral: exaustão coletiva.
E é assim que nasce o movimento oposto: o JOMO (joy of missing out).
A alegria de ficar de fora.
A satisfação de escolher não participar.
O alívio de estar desconectada e, paradoxalmente, mais presente.
O silêncio virou negócio. E dos grandes.
Menos barulho. Mais intenção. Mais lucro.
Segundo um levantamento da Precedence Research e da EY (2024):
- O mercado de apps de bem-estar digital cresce mais de 15% ao ano.
- A busca por detox digital já está presente em 40% das famílias de grandes economias.
- A estimativa de movimentação financeira desse setor é de US$ 11 bilhões até 2034.
Ou seja: desconectar virou mercado. E um dos que mais crescem.
Não é sobre fugir da tecnologia, é sobre aprender a usá-la sem ser consumido por ela.
O offline virou premium. Porque virou escasso.
No Brasil, os dados impressionam:
- Estamos em 2º lugar no mundo em tempo de tela.
- São 9h32 conectados por dia.
- 60% das pessoas relatam ansiedade quando estão longe do celular.
- E 87% dizem depender do smartphone para atividades básicas diárias.
(Fonte: pesquisa TMD Demographics 2024)
Nesse cenário, o silêncio virou ativo.
O tempo offline, um bem de luxo.
E a desconexão, uma estratégia pessoal e corporativa.
Como bem colocou Renato Dolci, diretor de dados da Timelens:
“Cada minuto offline vale mais porque é escasso.”
E o que isso tem a ver com negócios e liderança? Tudo.
- As marcas precisam parar de gritar e começar a conversar.
- O tempo do seu cliente é limitado e ele vai escolher onde colocar atenção.
- Produtos que ajudam a reconectar com o essencial (tempo, bem-estar, saúde mental) tendem a ser os mais relevantes da próxima década.
- Liderar times nesse contexto exige outro tipo de gestão.
Ficar de fora virou upgrade.
A grande virada não é desconectar para sempre.
É escolher quando conectar.
É entender que o tempo que ainda é nosso precisa ser protegido antes de virar mais um produto vendido por hora.
A nova economia não gira mais em torno de quem está sempre online.
Gira em torno de quem sabe escolher o que merece sua atenção.
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