Dois acidentes na guerra de espadas em Cruz das Almas, durante o São João de 2025, reacendem o debate: é tradição ou negligência? Confira a análise crítica.
Durante os festejos juninos de 2025 em Cruz das Almas, no Recôncavo Baiano, a guerra de espadas, prática tradicional da região, foi marcada por dois incidentes graves em poucos dias. No domingo, 22 de junho, no bairro Copian, um jovem de 21 anos, identificado como Taylon Souza, teve a mão gravemente ferida após uma espada pirotécnica explodir enquanto ele a manipulava. O acidente resultou na amputação de um dedo, e a vítima foi levada a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) local antes de ser transferida para o Hospital Geral do Estado (HGE) em Salvador, onde foi internada na unidade de queimados. Vídeos do ocorrido, amplamente compartilhados nas redes sociais, mostram a gravidade do incidente.
Na tarde de terça-feira, 24 de junho, outro caso ocorreu no bairro da Tabela. Uma mulher sofreu ferimentos no rosto ao tentar manusear uma espada junina. Segundo testemunhas, ela acendeu o artefato e tentou lançá-lo, mas a espada retornou inesperadamente e explodiu próximo ao seu rosto, derrubando-a. Pessoas no local prestaram os primeiros socorros, mas não há informações detalhadas sobre seu estado de saúde posterior.
Uma Tradição Sob Questionamento
A guerra de espadas é uma prática histórica em Cruz das Almas, onde espadeiros fabricam e manejam artefatos pirotécnicos artesanais durante o São João. Apesar de ser celebrada por muitos como parte da identidade cultural local, a atividade enfrenta críticas devido à falta de regulamentação. Proibida em 2017 pelo Ministério Público da Bahia, a prática continua, impulsionada pelo apego à tradição e pela resistência à intervenção estatal.
Falta de Controle e Consequências
Os dois acidentes evidenciam a ausência de medidas eficazes de controle. As espadas são produzidas artesanalmente, sem padrões de segurança, e manipuladas por pessoas que, em geral, não possuem treinamento especializado. Em 2025, a prefeitura de Cruz das Almas anunciou iniciativas para "organizar" a guerra de espadas, mas os incidentes recentes mostram que essas ações não foram suficientes. A romantização da prática muitas vezes ofusca suas consequências, que incluem desde lesões graves até impactos no sistema de saúde público.
Repensando a Cultura
Os casos de Taylon Souza e da mulher no bairro da Tabela levantam uma questão urgente: como equilibrar a preservação cultural com a responsabilidade coletiva? Alternativas como espetáculos pirotécnicos profissionais, com equipes capacitadas e medidas de segurança, poderiam manter a essência festiva do São João sem os riscos associados às espadas artesanais. Cidades vizinhas, como Santo Antônio de Jesus, já adotam formatos mais controlados, com resultados positivos.
A guerra de espadas, em sua forma atual, parece estar em descompasso com as demandas de segurança do século XXI. Preservar a cultura não significa manter práticas que causam sofrimento. Cruz das Almas precisa decidir: continuar defendendo uma tradição que machuca ou buscar caminhos que celebrem o São João com responsabilidade?
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