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65 Anos de Educação Pública em Brasília: Do Pioneirismo de Anísio Teixeira aos Desafios Atuais

 

65 Anos de Educação Pública em Brasília: Do Pioneirismo de Anísio Teixeira aos Desafios Atuais

 Explore a rica história da educação pública em Brasília, desde o visionário plano de Anísio Teixeira e as escolas pioneiras, até os desafios e o legado que moldam o ensino no Distrito Federal 65 anos depois.

Há 65 anos, enquanto Brasília emergia como um farol de modernidade no coração do Brasil, uma fundação igualmente importante era lançada: a da educação pública no Distrito Federal. A história dessa jornada teve seu marco inicial em 1956, com a criação do Departamento de Educação e Difusão Cultural, liderado por Ernesto Silva, um dos membros da primeira diretoria da Novacap. A visão de um sistema educacional robusto e inovador ganhou corpo com a elaboração, em outubro de 1957, do Plano do Sistema Escolar Público de Brasília, idealizado por ninguém menos que Anísio Teixeira, então diretor do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP).

Naquele mesmo ano, enquanto a construção da futura capital fervilhava, a primeira semente da rede pública florescia: o Grupo Escolar 1 (GE-1), que mais tarde seria carinhosamente rebatizado como Escola Júlia Kubitschek, em homenagem à mãe educadora do presidente Juscelino Kubitschek. Projetada com a assinatura inconfundível de Oscar Niemeyer e apelidada de "Catetinho da Educação" por sua semelhança arquitetônica com o Palácio do Catetinho, essa escola pioneira foi erguida em tempo recorde – apenas 20 dias – no núcleo inicial da Novacap, hoje Candangolândia.

A Escola Júlia Kubitschek já nasceu sob a égide dos princípios da Escola Nova, oferecendo uma educação em tempo integral que desafiava os modelos tradicionais da época. “Era uma proposta inovadora, voltada para o desenvolvimento completo das crianças”, relembra com propriedade a professora Martita Icó, que há 15 anos dedica seu conhecimento ao Museu da Educação do DF. A primeira turma, com seus 150 alunos e quatro dedicadas professoras, rapidamente viu seus números crescerem com a chegada constante de novas famílias à capital em construção. Marilda Guimarães Mundim, 85 anos, uma das primeiras educadoras da instituição, compartilha sua memória viva: “Foi um privilégio participar dos primórdios da educação em Brasília. Na Escola Júlia Kubitschek, mesmo com uma infraestrutura simples, vivíamos a educação do futuro. Atendíamos os filhos dos pioneiros em tempo integral, aplicando os ideais da Escola Nova. Cada aula era uma pequena revolução educacional em meio ao canteiro de obras da nova capital”.

Entre os anos de 1957 e 1960, o sistema educacional do DF experimentou um crescimento exponencial, alcançando a marca de aproximadamente 4.700 alunos matriculados em 22 escolas provisórias, estrategicamente localizadas para atender os filhos dos trabalhadores dispersos pelas diversas frentes de obra. Já em 1960, ano da inauguração oficial de Brasília, 42 professores concursados, muitos vindos de outros estados, integravam o corpo docente dessas escolas pioneiras, atraídos pela oportunidade de participar de um projeto educacional com potencial transformador.

O plano visionário de Anísio Teixeira, materializado no Plano de Construções Escolares de Brasília (PCEB), ecoava os ideais do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932) e transformou a jovem capital em um verdadeiro laboratório de um modelo educacional singular no Brasil. Integrado de forma inteligente ao plano urbanístico da cidade, o PCEB introduziu inovações significativas: as escolas ofereceriam educação integral, com uma rica variedade de atividades acadêmicas, culturais e esportivas ao longo do dia.

Para concretizar essa visão, a cada conjunto de quatro Escolas Classe, dedicadas ao ensino formal, seria implantada uma Escola Parque, um centro vibrante de atividades artísticas, sociais e recreativas, tudo isso inserido no conceito de unidade de vizinhança das superquadras do Plano Piloto. “Anísio Teixeira sonhava com uma educação que formasse o ser humano em sua totalidade”, elucida Martita Icó. “As Escolas Parque, estrategicamente localizadas nas superquadras, eram centros de formação cultural e cidadã.”

É notável que nove dessas estruturas pioneiras ainda pulsam com vida no Plano Piloto: o acolhedor Jardim de Infância 21 de Abril, o lúdico Jardim de Infância da 208 Sul, a tradicional Escola Classe da 206 Sul, o dinâmico Centro de Ensino Fundamental CASEB, a sólida Escola Classe da 108 Sul, o emblemático Centro de Ensino Fundamental 01 de Brasília, a atuante Escola Classe 308 Sul e a icônica Escola Parque 307-308 Sul. Fora do Plano Piloto, outras escolas pioneiras merecem destaque, como a Escola Classe 01 de Taguatinga, a histórica Escola Classe Cerâmica da Benção, a bucólica Escola Classe Granja do Torto, a comunitária Escola Classe Riacho Fundo, o engajado Centro Educacional Fercal, o formador Centro de Ensino Médio EIT, o essencial Centro de Ensino Fundamental 01 do Paranoá e o representativo Centro de Ensino Fundamental Tamanduá, todos eles símbolos vivos desse projeto educacional visionário.

Para a atual secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, o legado indelével de Anísio Teixeira continua a inspirar e guiar a rede pública do DF. “Seu projeto visionário foi muito além de seu tempo. Ele não apenas concebeu estruturas físicas integradas à cidade, mas estabeleceu uma filosofia educacional que ainda nos guia. A educação integral, a valorização das artes e da cultura e a democratização do conhecimento são pilares que ele inseriu no DNA da educação do Distrito Federal e que continuam nos orientando. Após 65 anos, sua visão humanista e transformadora segue nos inspirando, adaptada aos desafios atuais.”

Apesar das significativas transformações que a educação pública do DF experimentou ao longo das décadas, os princípios fundamentais como a educação integral, a rica formação cultural e a incessante busca pela democratização do ensino permanecem como influências poderosas. “Aqueles primeiros anos definiram muito do que somos. O espírito inovador e o compromisso com uma educação transformadora permanecem nossa marca”, conclui com convicção Hélvia Paranaguá.

Fonte: Agência Brasília


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