Entre 2015 e 2024, o Distrito Federal registrou cerca de 2,3 mil casos de Lesão por Esforços Repetitivos (LER), também conhecidas como Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort). Um dado alarmante é que mais da metade desses casos (55,9%) ocorreram apenas no último ano, evidenciando um crescimento expressivo das notificações.
O aumento de casos, segundo a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), pode estar relacionado à intensificação da vigilância e das notificações, o que revela tanto uma maior conscientização quanto um problema de saúde pública que precisa ser enfrentado com seriedade. O fato de que a dorsalgia (dor nas costas) representa 51,8% dos diagnósticos aponta para a necessidade de melhores condições ergonômicas nos ambientes de trabalho.
A Relação Entre Trabalho e Saúde
As LER/Dort afetam diretamente o sistema musculoesquelético, manifestando-se em dores crônicas, formigamento e fadiga muscular, principalmente no pescoço, coluna, ombros e membros superiores. Essas doenças são frequentemente associadas a atividades laborais que envolvem esforço físico intenso, posturas inadequadas, movimentos repetitivos e fatores psicossociais, como estresse e pressão por produtividade.
O boletim epidemiológico destaca ainda um viés socioeconômico importante: 68,8% dos casos registrados envolvem trabalhadores pardos, o que sugere que essa população está mais exposta a condições laborais precárias. Essa disparidade reforça a necessidade de políticas públicas voltadas à equidade no ambiente de trabalho.
A Prevenção Como Prioridade
Apesar do crescimento expressivo dos casos, a boa notícia é que as LER/Dort são preveníveis. Medidas simples, como pausas regulares, alternância de tarefas e adequações ergonômicas, podem reduzir significativamente os riscos. Além disso, a criação de programas de conscientização e fiscalização mais rigorosa nas empresas são ações fundamentais para combater o problema.
Com a proximidade do Dia Mundial de Combate às LER/Dort, em 28 de fevereiro, é essencial refletirmos sobre como as condições de trabalho impactam a saúde dos profissionais. Mais do que números em um relatório, cada caso representa um trabalhador que pode perder sua qualidade de vida e capacidade produtiva devido a um ambiente laboral inadequado. A prevenção e a valorização da saúde no trabalho não devem ser apenas uma obrigação legal, mas um compromisso social e empresarial.
O desafio está lançado: até quando ignoraremos os sinais de alerta?
Fonte: Agência Brasília
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